Incêndio do Hospital Badim
Incêndio do Hospital Badim: 8 pessoas são indiciadas por homicídio doloso
Incêndio ocorreu em setembro de 2019. Segundo a investigação, obras estavam irregulares. Além disso, sistema de prevenção de incêndio não funcionou, assim como o plano de evacuação.
A Polícia Civil indiciou oito pessoas pelo incêndio do hospital Badim, na Tijuca, Zona Norte do Rio, em setembro de 2019. Elas vão responder por homicídio doloso qualificado e pelo crime de incêndio. A investigação apontou obras irregulares, sistema de prevenção de incêndio com defeito e um plano de evacuação que não funcionou.
Foram indiciados:
Diretores do Hospital Badim.
Responsável pela engenharia civil da unidade
Engenheiro de segurança do trabalho
Engenheira coordenadora do setor de manutenção do hospital
Chefe do setor de arquitetura do Badim
Diretores da empresa Stemac - responsável pela construção e manutenção do gerador
Cada indiciado vai responder 15 vezes por homicídio doloso qualificado - um crime hediondo, mais duas vezes por homicídio, além do crime de incêndio.
Segundo a Polícia Civil, o incêndio causou a morte de 17 pessoas. O hospital fala em 13 mortes em decorrência do incêndio e mais 9 que estavam internados no dia e que morreram por causas não-relacionadas ao evento.
A perícia realizada após o incêndio mostra que o fogo começou no gerador da unidade e que os tanques de armazenamento estavam instalados em desacordo com as normas vigentes.
Rio teve ao menos três episódios de incêndio em hospitais desde setembro do ano passado
Nenhuma das vítimas morreu por queimaduras. A maioria morreu por inalação de fumaça e por complicações pelo desligamento de aparelhos devido à falta de energia no prédio.
Segundo peritos, o incêndio do hospital particular começou por volta das 18h30, com um curto-circuito no gerador de energia, no subsolo do prédio 1. A fumaça rapidamente se expandiu para outros andares, inclusive o do CTI. No dia do incêndio, 103 pessoas estavam internadas na unidade.
Segundo a polícia, esse gerador foi instalado num lugar sem proteção. Ele deveria estar dentro de um compartimento que pudesse resistir ao fogo.
O subsolo tinha sido projetado pra ser uma garagem. Nos fundos havia prismas de ventilação - que funcionavam como uma espécie de chaminé - permitindo que os gases tóxicos e poluentes emitidos pelos veículos seguissem até uma área aberta.
Mas, segundo a investigação, foram realizadas obras irregulares no local, que atenderam critérios de conforto, mas não levaram em consideração a segurança, na mesma proporção.
Um outro estacionamento - localizado três pavimentos acima - passou a ser o novo Centro de Tratamento Intensivo.
De acordo com o inquérito, o CTI foi adaptado de forma errônea em relação ao que determina as normas técnicas de engenharia e arquitetura.
As saídas do gases poluentes foram bloqueadas, mas fechadas com uma estrutra de drywall - uma espécie de gesso acartonado- não resistente ao fogo.
O inquérito diz ainda que as paredes de drywall foram erguidas até um forro e não de laje a laje - o que teria permitido a ascensão da fumaça tóxica durante o incêndio.
A maioria dos pacientes que morreram estava neste CTI.
Sem regularização
A construção não tinha sido regularizada no Corpo de Bombeiros. O hospital deveria ter adequado todos os projetos para ter as licenças de funcionamento necessárias à sua operação.
Os investigadores concluíram também que a tragédia poderia ter sido menor se as medidas protetivas e preventivas contra incêndios tivessem funcionado: alarmes não soaram. Os sprinklers - pequenos chuveiros automáticos instalados no teto - não soltaram água.
E, segundo a polícia, houve algo ainda mais grave: o plano de evacuação do Hospital Badim não funcionou.
Somente funcionários dos pavimentos próximos ao subsolo tomavam conhecimento prévio do incêndio. Enquanto pacientes e funcionários dos andares superiores nada sabiam, o tempo transcorria e em consequência a fumaça se espalhava pelas passagens dos dutos.
O Hospital Badim informou que lamenta as perdas no incêndio e que vem se empenhando pra minimizar o impacto causado às famílias, já tendo firmado 13 acordos.
O hospital disse também que confia em uma melhor análise do Ministério Público e prestará todos os esclarecimentos após ter acesso ao inquérito.
A empresa Stemac informou que não vai comentar o caso porque também não teve acesso ao inquérito.
Fonte G1
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