Como usar o extintor

COMO USAR O EXTINTOR

Falta de preparo da população para o uso correto do produto ainda é um grande desafio a enfrentar

Quem nunca ouviu histórias de pessoas que esqueceram a panela no fogo e só se deram conta disso quando as chamas já haviam dominado praticamente todo o fogão? Ou ainda, que o cabo ou tomada de um aparelho elétrico, como o ferro de passar roupas ou o secador de cabelos, derreteu enquanto estava na tomada e as faíscas originaram pequenas labaredas ou explosões?
É nessas horas que o uso correto de um extintor de incêndio portátil pode fazer toda a diferença, extinguindo as chamas antes que se espalhem ou controlando o fogo enquanto o Corpo de Bombeiros não chega.

O secretário da Comissão de Estudos de Extintores de Incêndio do Comitê de Segurança contra Incêndio da Associação Brasileira de Normas Técnicas (CB-241 ABNT), explica que estudos da área técnica de segurança indicam que um incêndio com apenas cinco minutos após iniciado pode atingir temperatura de 900 graus. "Daí a importância desse tipo de equipamento de combate logo no principio do incêndio", salienta.
O coordenador da Comissão de Estudos de Extintores de Incêndio do CB 24,  destaca que, quando o Corpo de Bombeiros é chamado para combater um incêndio, dificilmente esse fogo não terá causado perdas materiais ou até mesmo vítimas fatais. "Isso pode ser evitado se o extintor for usado da maneira correta e estiver em conformidade com as normas vigentes", explica.

FALHAS NA MANUTENÇÃO E NO USO
O extintor de incêndio portátil — muitas vezes ignorado por quem trabalha ou mora em um prédio — contém em seu interior um agente extintor que, quando usado, é expelido pela ação de uma pressão interna. Esta pressão pode ser produzida por prévia compressão ou pela libertação de um gás auxiliar. Para que funcionem e cumpram sua finalidade, no entanto, é necessário que o equipamento seja usado da forma correta e escolhido de acordo com a classificação do tipo de incêndio listado em sua embalagem. Além da obrigatoriedade de passar por manutenção e inspeção periódicas, que garantam sua eficácia, mas que nem sempre ocorrem.
A falta de preparo da população para o uso adequado do equipamento ainda é um dos grandes desafios do setor. "Um extintor de incêndio, por si só, não é capaz de apagar o fogo de forma autônoma". Ele explica que, além do equipamento estar em plena condição de uso, atendendo a tudo o que prevê as normas para esse mercado, ainda é preciso alguém com capacidade para manuseá-lo da forma correta, sob o risco de não cumprir o seu objetivo de combate às chamas. "Por isso é importante que as brigadas de incêndio sejam preparadas e muito bem treinadas", assinala. Àqueles que têm dúvidas quanto ao uso do equipamento (o que é muito comum entre moradores de prédios residenciais, por exemplo), se aconselha solicitar ao síndico ou zelador do local que lhe dê instruções básicas de como acionar de forma correta o extintor, em vez de esperar por uma situação de risco real para ter seu primeiro contato com o equipamento.
O executivo acredita que hoje o mercado brasileiro de extintores já é amplamente normatizado e o que falta é colocar "em prática" tudo o que prevê a legislação. Muitos incêndios de grandes proporções tiveram um desfecho melhor ou pior devido à presença ou não desse tipo de equipamento.

Existem atualmente cinco normas da ABNT que  tratam especificamente de extintores de incêndio.

A tragédia na Boate Kiss, na cidade de Santa Maria (SC), em 2013, em que 242 pessoas morreram e outras 680 saíram feridas, é uma das que poderia ter sido minimizada caso os extintores estivessem em perfeitas condições de uso. Conforme relatos do vocalista da banda e seguranças do local, assim que eles perceberam o fogo no teto contaram que tentaram apagar as chamas com um extintor de incêndio posicionado ao lado do palco, mas o equipamento não funcionou. O laudo do IGP confirmou que o extintor estava inoperante. Já no incêndio que consumiu grande parte do Museu de Língua Portuguesa, em 2015, o extintor foi utilizado pelo bombeiro civil Ronaldo Pereira da Cruz para combater as chamas, enquanto o de Bombeiros não chegava ao local. O fogo acabou ganhando grandes proporções, matando o bombeiro civil, única vitima do incidente. Se ele não tivesse iniciado o combate, porém, talvez a tragédia estivesse sido ainda pior.

CLASSIFICAÇÃO DE INCÊNDIOS
CLASSE A: originado pela queima de materiais combustíveis sólidos que geram resíduos, tais como papel, madeira, plásticos, borrachas, tecidos etc...
CLASSE B: causado pela combustão de líquidos ou gases inflamáveis, combustíveis, graxas e plásticos que queimam apenas em superfície e não geram resíduos...
CLASSE C: provocado pela queima de equipamentos e instalações elétricas energizadas, tais como quadros de força, fiação elétrica, transformadores, eletrodomésticos, etc...
CLASSE D: motivado por metais combustíveis como magnésio, titânio, potássio, lítio, sódio e zircônio.
CLASSE K: fogo em óleo e gordura em cozinha.

“Temos cinco Normas na ABNT que tratam de extintores de incêndio. Se usadas de forma correta, podemos afirmar, com certeza, de que se terá um produto efetivo ao seu dispor”. As normas citadas por ele são as seguintes: NBR 15808 – Extintores de Incêndio Portáteis; NBR 15809 - Extintores de Incêndio sobre rodas; (ambas revisadas no final do ano passado); NBR 11762 - Extintores de Incêndio portáteis com carga de halogenado; NBR 12962- Extintores de Incêndio Inspeção e Manutenção (também atualizada no final de 2016); e NBR 12963 - Sistemas de proteção por extintores de incêndio (atualmente em revisão pelo Comitê).
Os resultados obtidos com o uso do equipamento no combate ao fogo dependerão ainda do tipo de atividade do local em que está instalado. "Claro que um princípio de incêndio em uma refinaria será diferente de um em uma padaria ou barzinho, por exemplo," aponta o coordenador do CB24.
Os extintores portáteis possuem classificação em graus - uma espécie de degrau -, dependendo de sua capacidade extintora (o poder de extinção de fogo de um extintor). Essa variação também é definida em ensaio normatizado, de acordo com as normas NBR 15808 e NBR 1509. São realizados, por exemplo, ensaios de fogo em engradados de madeira para classe de fogo A, ensaios de fogo em liquido inflamável para classe de fogo B e de condutividade elétrica para classe C. O grau de capacidade extintora está localizado nos rótulos dos de incêndio.

MANUTENÇÃO DEVE SER CONSTANTE
Assim como assegurar que as pessoas saibam manusear os extintores de incêndio no caso de uma emergência, também é fundamental que esses equipamentos passem por constantes manutenção e inspeção certificadas pelo Inmetro. “Se o lacre é rompido, o interior do extintor pode vazar perdendo toda a sua eficiência durante um incêndio. Por isso, é importante estar sempre atento às características de uso do equipamento”, alerta consultor e diretor técnico do Sindincêndio.

O prazo de validade do extintor novo deve estar gravado em sua embalagem. Depois disso, o equipamento deverá passar por inspeções e manutenção, caso tenha sido constatada alguma irregularidade. Durante a inspeção, serão observados itens que vão além do lacre violado ou vencido, como se o quadro de instruções encontra-se legível, se falta qualquer componente, atestar a validade da carga, verificar se a mangueira de descarga apresentando danos, deformação ou ressecamento, dentre outros procedimentos, que constam na NBR 12962. 



O grau de capacidade extintora está localizado nos rótulos e a variação é definida em ensaio normatizado.

Hoje, as empresas de inspeção técnica e manutenção em extintores de incêndio devem ser certificadas no lnmetro (veja lista no site do órgão: www.inmetro.gov. br). O selo doInmetro, que atesta a manutenção do equipamento, contém uma série de medidas de segurança, a fim de evitar falsificações, como área com codificação única, composta por elementos controlados e com características únicas que permitem identificar sua origem, o que, segundo o lnmetro, equivale a um DNA que impede falsificações.
Confeccionado em polímero (plástico de alta resistência), que possui maior durabilidade, resistência à água e intempéries, o selo possui resistência à remoção e holografia desenvolvida na Suíça por empresa de produtos de alta segurança para papel moeda e documentos oficiais (passaporte, identidade e cédulas de moeda), com impressão em azul e preto, nome lnmetro bem nítido sobre a tarja holográfica, além da aplicação localizada de Foil metalizado formando logos do lnmetro, figuras e linhas bem diminutas, e, impressão de fundos de segurança em degrade, sem a utilização de pontos. O selo do lnmetro tem ainda uma imagem oculta, que não pode ser visualizada a olho nu nem com auxílio de lentes de aumento ou microscópio, somente por lente utilizada pela fiscalização; impressão de tinta em diferentes tonalidades; impressão dourada em relevo e janelas transparentes.

As informações são da gráfica Primi, que imprime os selos para o Inmetro, conforme a NBR 15540 — Especifica procedimentos, sistemas de segurança e tecnologia gráfica, para uma empresa ser reconhecida como produtora de documentos de segurança e a NBR ISO/IEC 27001/2013 — Sistema de Gestão de Segurança da Informação que tem como objetivo a proteção da informação. "Esse selo criado pelo Inmetro passou por recentes modificações a fim de assegurar que foi feita a manutenção do produto de forma correta. O selo é hoje uma garantia de qualidade e deve ser identificado pelas empresas de engenharia de segurança contra incêndio, áreas de segurança dentro das empresas e até mesmo por síndicos e zeladores de condomínios residenciais", afirma o consultor


É fundamental que esses equipamentos passem  por manutenção e inspeção certificadas pelo Inmetro 

O secretário do CB-24, assinala ainda a importância de inspeções constantes pelo proprietário do equipamento. A norma NBR 12962, por exemplo, estabelece a inspeção mensal pelo proprietário, embora o executivo acredite que o melhor é fazer disso um hábito, Em escolas, por exemplo, em que é comum as crianças "mexerem" nos extintores, rompendo o lacre e danificando o produto, a inspeção, ao seu ver, deve ser constante. "Nesses lugares, o ideal seria a inspeção diária, A norma prevê ainda a inspeção semestral feita por empresa creditada de extintores CO2 e, anual, do restante". Ainda segundo ele, extintores com pressurização indireta também devem passar por inspeções semestrais.


EXTINTORES PARA CADA TIPO DE INCÊNDIO

EXTINTOR COM CARGA DE ÁGUA: É indicado para incêndios classe A. Seu início de extinção é por resfriamento e age em materiais como madeiras, tecidos, papéis, borrachas, plásticos e fibras orgânicas. É proibido o seu uso para incêndios de classes B e C.
EXTINTOR COM CARGA DE DIÓXIDO DE CARBONO (CO2): É indicado para incêndios classes B e C. Seu princípio de extinção ocorre por abafamento e resfriamento e age em materiais combustíveis e líquidos  inflamáveis e também contra fogo originário de equipamentos elétricos.
EXTINTOR COM CARGA DE PÓ BC: É indicado para incêndios das classes B e C. Seu princípio de extinção é por meio de reações químicas.
EXTINTOR COM CARGA DE PÓ ABC: É indicado para incêndios de classes A, B e C. Seu princípio de extinção é por meio de reações químicas e abafamento (para incêndios da classe A) e pode ser usado para a contenção de fogo de praticamente qualquer natureza.
EXTINTOR COM CARGA DE ESPUMA MECÂNICA: É indicado para incêndios de classes A e B e seu uso é proibido para incêndios de classe C. Seu princípio de extinção é por meio de abafamento e resfriamento. 
EXTINTOR DE INCÊNDIO PORTÁTIL FE-36: Extintores de incêndio portáteis com carga de gás halogenado Fe-36. Recipiente fabricado em aço carbono ou aço inox, é ideal para proteção das salas de Ressonância Magnética.
EXTINTOR DE INCÊNDIO PORTÁTIL PÓ QUÍMICO PÚRPURA K: Extintor de incêndio portátil com carga de pó químico seco BC Purpura K, Totalit Super K, à base de bicarbonato de potássio. Usado em incêndios Classe B e C. É o pó químico seco preferido da indústria petrolífera e do gás. É o único pó químico seco certificado pela NFPA para o salvamento e combate ao fogo em aeronaves.
EXTINTOR DE INCÊNDIO PORTÁTIL CLASSE D: Unidade extintora classe D para combate a incêndios em metais pirofóricos como lítio, sódio, potássio de sódio, magnésio e outros. Deve ser informado o metal pirofórico protegido, pois são utilizados agentes extintores específicos para cada risco.
EXTINTOR DE INCÊNDIO PORTÁTIL CLASSE K: Unidade extintora classe K, para combate a incêndios em cozinhas industriais. Agente extintor saponificante, desenvolvido para extinguir o fogo de gordura animal e vegetal quente, usado em equipamentos energizados de restaurantes, lojas de conveniência, hospitais, etc.


Fonte: Revista Incêndio

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